Estações (Segunda Temporada)

Resgatando uma divindade mais uma vez

Pov Camila

Os túneis se provaram um verdadeiro labirinto, um cheio de armadilhas e monstros a cada caminho tomado. Nossa sorte provavelmente era os acessórios abençoados por Jennel, que escondia a presença grega. Os monstros vinham desconfiados, farejando e sentindo a aura nórdica dos nossos aliados. Mas eles não esperavam por tantos semideuses gregos, armados e poderosos quando sérios.

Ariana e Zayn iam a frente do grupo. A filha de Hades guiava pelo caminho mais seguro, usando de sua sensibilidade subterrânea. Era ela quem decidia qual caminho tomar quando havia alguma bifurcação, sendo aconselhada por Zayn. O filho de Hefesto podia sentir o vulcão, portanto pressentia qual caminho levava para o coração adormecido. Com a mão sobre a parede, Zayn também podia dizer quando algum mecanismo estava escondido, nos fazendo evitar armadilhas que teriam nos matado em poucos segundos. Lauren ia sendo guiada por mim, seus olhos eletrizantes olhavam varriam o ambiente como um verdadeiro radar de monstros, avisando quando algum estava próximo. Então o resto de nós lidava com eles, protegendo os nossos guias.

Nós estávamos preparados para aquela missão. Ou melhor, nós estávamos preparados para qualquer situação, desde que estivéssemos juntos. Depois de meses em situações difíceis, compartilhando vitórias e perdas, sabíamos tudo sobre a capacidade um do outro. As decisões, as estratégias, a coesão do grupo era inquestionável. Éramos o time perfeito, que mesmo sendo tão divergente em personalidade e habilidades, dava incrivelmente certo.

-Por favor Z, diga que estamos perto – Lauren resmungou em tom baixo.

Eu a conhecia bem o suficiente para saber que ela tinha gastado muito de sua energia para transpassar a barreira e manter os olhos naquele estado. Mesmo tendo consumido ambrosia, o fruto divino, ela ainda não tinha tido o suficiente para se recuperar por completo. Sem contar a sua claustrofobia. Fazia quase meia hora que estávamos naqueles túneis e era admirável o controle que Lauren estava tendo de si mesma para não deixar que sua fobia tomasse conta de si. Eu sabia o quanto era difícil, pois eu mesma já começava a sentir calafrios e pensamentos negativos por ali estar em um lugar escuro por tanto tempo.

-Sim, nós estamos! – Zayn exclamou sorrindo – Eu posso sentir o centro do vulcão vibrando!

-Esse deve ser o caminho que nos levará até a deusa – Ariana apontou para a esquerda.

Ali era mais estreito, teríamos de andar em fileiras. Eu estava começando a invejar Siope e Monna, que ficaram na praia para proteger a nossa saída daquela ilha.

-Eu vou na frente, preciso ver a posição do inimigo – Lauren decidiu rapidamente.

-Eu vou com você, enxergo melhor que vocês no escuro – Ariana falou.

Olhei para a filha de Hades com certa seriedade e ela sorriu como se dissesse que cuidaria de minha garota. Ariana segurou no ombro direito de Lauren, a guiando pela pequena entrada enquanto nós aguardaríamos do lado de fora. Eu podia escutar as vozes baixas delas duas, não poderia entender o que elas falavam, mas o tom de provocação deixava claro que uma estava implicando com a outra. Elas poderiam ser primas, filhas dos três grandes e até amigas, mas nunca deixariam de implicar uma com a outra.

-Vamos nos preparar – Zayn sugeriu fazendo seu braço mecânico se desdobrar até se transformar em um canhão – Eu aposto que os inimigos estão concentrados no centro do vulcão. É o lugar mais espaçoso para abrigar criaturas místicas e uma deusa.

Aeralie tirou uma flecha de sua aljava presa nas costas. Brandon fez os dedos de suas mãos se alongarem se transformando em garras. Seus dentes também cresceram até se transformarem em verdadeiras presas, os olhos se contrariam e dilataram anunciando que ele já era mais monstro do que humano. Era uma transformação parcial de lobo? Henry desembainhou a sua espada presa a sua cintura. Ela era linda para uma espada e por um momento lamentei não ter tempo ou luz suficiente para observar os detalhes, mas era perceptível que sua empunhadura possuía desenhos e formas. A minha espada negra estava em sua forma singular, a lâmina se tornando quase imperceptível pela falta de luz no ambiente.