Para Ela Dançar

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Cheguei povo! Segue mais um capítulo! ❤️😊 Do jeitinho que vocês gostam, cheio de trouxisse e romantismo!
Espero que gostem desse também 😘😘😘
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Narrador

Verônica estava feliz na manhã de quarta-feira, no dia anterior havia passado bons momentos com seu sobrinho postiço, ela era louca pelo menino e isso ficava evidente no modo como o olhava e o tratava, e Lauren que nem sonhasse com a quantidade de bobagens que os dois comeram, mas nada exagerado, afinal Vero é pediatra e sabe o quanto de alimentos desse tipo o menino pode ingerir. Dois anos atrás, na noite em que Lauren ligou desesperada por sua mãe tê-lo deixado com ela, Vero não hesitou em correr para a casa da amiga e prestar o máximo de ajuda que pudesse, e foi amor a primeira vista pelo lindo bebezinho de cabeça redonda e grandes olhos castanhos claros.

Vero, apesar de ser pediatra e conviver com inúmeras crianças diariamente, nunca havia cogitado a ideia de ser mãe, seria responsabilidade demais e ela mais do que ninguém sabia disso, acompanhava os casos de seus pacientes, mas depois daquela noite pensou que talvez não fosse uma ideia tão ruim, talvez pudesse conciliar seu trabalho e sua família, só precisava encontrar a moça certa, que quisesse o mesmo que ela, e se essa moça não existisse, poderia ser uma mãe independente no futuro, quem sabe? Muitas mulheres fazem isso.

Ela adentrou seu consultório com um belo sorriso como sempre, sua secretária a aguardava de pé com algumas fichas e já havia pacientes esperando, cumprimentando a todos que estavam a vista ela pegou as fichas e entrou na sua sala. Atendeu por quase toda manhã e antes de almoçar foi para o último paciente.

- Vamos ver... Jacob Vives, ela marcou consulta mais cedo? Talvez já tenha pego os resultados dos exames. – estranhando um pouco a volta antecipada de seu paciente magrinho, Verônica ligou para sua secretária e pediu para que os dois entrassem. – Bom dia Jake! – Ela foi até o menino e sua mãe, que estavam ainda mais tímidos que da primeira vez.

- Oi. – ele disse num fiozinho de voz olhando para o chão.

- Bom dia Lúcia, como vai?

- Bem, na medida do possível.

- O que houve?

- Ele pegou uma gripe forte, está muito fraquinho. – ela estava aflita, não só pela gripe.

- Vem aqui campeão. – Vero pegou o menino do colo da mãe o levando até a maca e o deitando lá, ele estava mole e apático, então pegou um termômetro e colocou debaixo do braço de Jake. – Vai ser um pouquinho gelado tudo bem? – Vero ajeitou a franja do menino aproveitando para checar sua temperatura, aparentemente alta, mas resolveu esperar o resultado do termômetro e colocou o estetoscópio no peito do menino.

Lúcia observava a tudo atenta, mordia os lábios nervosa e continha a todo instante uma vontade enorme de chorar.

- Ai... – Jake reclamou com a voz fraquinha assim que o objeto gelado tocou seu peito pequeno e pálido.

- Tudo bem, tudo bem, vai ser rápido, pode respirar bem fundo para a tia Vero? Hum? – o menino assentiu com os olhinhos marejados e obedeceu, e a mãe deixou algumas lágrimas escaparem. – Bastante secreção... há quanto tempo está assim?

- Três dias... – Lúcia respondeu num tom baixo, a vergonha a consumia, mas tentava a todo custo não transparecer isso à médica do seu filho.

- E porque não o trouxe antes?

- Não tinha horário na sua agenda. – deu essa desculpa e se sentiu a pior das criaturas.

- Mas era emergência mãe, Ana poderia tê-lo encaixado. – O tom de Verônica era brando, não era de repreensão, mas para Lúcia Vives qualquer tom utilizado naquele momento a consumiria pela culpa, ela não aguentou a pressão, começou um choro nervoso e incontido.

          

- Desculpe, eu sei, é que... Eu sinto muito...

- Ei, tudo bem, vai ficar tudo bem com o Jake. – Vero tentou.

- Não chora mamãe... – a voz do menino era embargada.

Foi o suficiente para Lúcia quase desabar ali mesmo, não fossem os braços da pediatra a segurando e a puxando para um abraço firme e reconfortante, como há muito não recebia de ninguém, e a jovem mãe se permitiu abraçar a médica e chorar em seu ombro, a apertava contra si e com os dedos amassava seu jaleco sem se conter, por tanto tempo precisou disso, chorar no ombro de alguém, seu coração doía tanto, mas a sensação de desabafar, mesmo sem dizer uma única palavra, era boa.

- Shiii, eu vou cuidar dele, seu filho vai ficar bem, é só uma gripe, só isso... – Verônica ninava a mãe e apesar do momento ruim, gostou de ter abraçado a moça, de sentir sua respiração em seu pescoço e seus dedos delicados amassando sua roupa, mas não se permitiu pensar além disso, não com aquela mulher tão frágil em seus braços, tudo que ela precisava agora era ser confortada. Lúcia parou de chorar e as duas se afastaram lentamente. - Sente-se melhor?

- Sim, me desculpe, eu não deveria...

- Não tem problema nenhum, eu entendo muito bem o que sente. – Ela disse para reconfortar a moça, mas no fundo sentia que não era um caso comum de uma mãe com o filhinho doente.

- Tia Vero... – Jake chamou e Vero percebeu que já havia chegado o momento de tirar o termômetro.

- Oi meu bem. – A médica pegou o objeto, trinta e oito graus.

- Obrigado.

- Porque? – ela franziu o cenho.

- Você fez a mamãe parar de chorar. – Lúcia levou a mão à boca para conter um novo choro e a pediatra se aproximou do menino afagando seus cabelos.

- A tia Vero está aqui para ajudar, seja no que for. – E terminou a frase focando nos olhos de Lúcia, que desviou o olhar nervosa. Depois de lhe dar um antitérmico, examinar mais cuidadosamente o menino e lhe receitar alguns remédios, Vero o levou para a sala de nebulização, onde ficou com os dois o tempo todo.

- Não precisa ficar a aqui conosco doutora, eu já fiz isso antes, a senhora deve ter outros pacientes para atender. – Lúcia dizia enquanto segurava o filho no colo e a médica sorriu segurando o nebulizador no rostinho de Jake.

- Não tenho, vocês são os últimos, daqui eu vou apenas almoçar e atender no Brooklin. – ela tentava fitar os olhos da jovem mãe, mas nunca conseguia ter seu olhar sustentado por muito tempo, Lúcia se sentia intimidada por tanta beleza física e de alma de Verônica, mais que isso, por todo o frescor de uma mente leve e desprovida de angústias como as que carregava em seu peito.

- Então é melhor ir mesmo, deve estar com fome. – Ela insistiu. Jake acompanhava a conversa com os olhinhos atentos.

- Não muita, o Jake é mais importante. – Sorriu, e desta vez conseguiu prender os olhos de Lúcia nos seus, e por esses segundos que pareceram uma eternidade, pelo menos para as duas, algo extremamente agradável aos seus corações surgiu, uma simpatia nova e reconfortante as uniu nesse momento de cumplicidade provocada pelo pequeno Jacob Vives.

- Tudo bem então... – Lúcia ajeitou o filho no colo o fitando com ternura, nesses momentos se sentia boa mãe, cuidando do seu pequeno, o protegendo e embalando do jeito que lhes era mais agradável.

- Vocês... – Verônica se sentia nervosa, mas achou que não deveria ficar, afinal era uma bobagem. – Gostariam de almoçar comigo? – criou coragem para completar.

The Tiny DancerOnde histórias criam vida. Descubra agora