🏆 VENCEDOR "THE WATTYS AWARDS 2019" NA CATEGORIA FANTASIA 🏆
🏆 1º Lugar no Concurso Wattpad Brasil - Fantasia 🏆
✨🌻
Sinopse: Há algo errado com o mundo de Haga, por todos os quatro Vales crianças estão desaparecendo sem deixar qualquer vestígio...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
O dia amanheceu e Tonto ainda estava aninhado entre algumas rochas adormecido. Goque não saiu do lado dele durante toda a noite. Embora fosse dia, percebeu ele que havia algo de errado: era como se tudo estivesse submerso em uma água suja e bege. Andou até a abertura da caverna batendo a cabeça várias vezes nas paredes pontiagudas e se deparou com um sol fraco demais e de aspecto muito doente. Poeira estava os envolvendo.
Voltou para perto do menino e o ouviu respirar ruidosamente, pois seus pulmões estavam com dificuldade de filtrar o ar denso. Tonto começou a tossir em uma crise que o fez despertar de imediato com uma dor na garganta. Goque o acalmou segurando suas costas para que ele pudesse se sentar vagarosamente.
— O que está havendo? Não consigo respirar direito — ele perguntou com a voz cortada quase inaudível.
— Acalme-se, fique um pouco sentado.
Assim ele fez. Rapidamente Tonto teve uma ideia que poderia ajudá-lo. Abriu sua sacola e vasculhou entre a comida que Maga Terrosa havia lhe preparado, encontrou um paninho amarelo que sua mãe havia colocado ali para envolver o pão que comeu há muito tempo. Imaginou ter sido um grande golpe de sorte guardar aquilo. Mais sorte ainda foi poder usar em volta da cabeça e conseguir dar um nó atrás cobrindo o nariz e a boca. Quanto a seus olhos irritados, precisou se acostumar. Goque já estava lá fora e olhava em volta com admiração silenciosa. A poeira estava por toda parte de maneira que não dava para enxergar paisagens distantes. Tudo parceria uma pintura borrada.
— Infelizmente temos que seguir — ele disse voltando-se para Tonto que se ajuntou a ele enxergando com dificuldade. — Não tenho ideia de quanto tempo vai demorar para que essa poeira baixe, geralmente são dias.
— Dá para seguir assim — afirmou Tonto. — Estou enxergando muito pouco, mas não vai ser tão dificultoso assim. Mas o que é isso?
— Poeira, menino. Muita poeira. A estrela caiu próximo daqui, possivelmente no lugar para onde iremos agora. Ainda assim, o impacto não foi tão forte como costuma ocorrer, suponho que foi um fragmento de uma estrela maior, elas sempre se partem em inúmeros pedaços.
Os dois desceram a encosta tomando distância da montanha negra para observar o caminho que seguiriam. Tonto escorregou algumas vezes quando pisou em rochas soltas, mas Goque estava por ali para ajudar-lhe a ter mais equilíbrio. Havia vegetação em volta do pé da montanha, algumas árvores altas e rochas que mais pareciam pequenas casas maciças. Goque caminha guiando e logo encontrou uma trilha que imperceptível entre alguns rochedos e arbustos e soube que era por ali que deveriam seguir para dar a volta na montanha.
A caminhada durou algumas horas. Passaram por um fino corte de um riacho de água turva, mas Tonto não hesitou em juntar as duas mãos e beber. Também lavou o rosto com a água fria e isso o ajudou a enxergar um pouco melhor, ainda que houvesse poeira por toda parte. Após saírem da trilha, depararam-se com um descida que os levou até um campo aberto e sem árvores. Era diferente da planície que deixaram para trás: não tinha vegetação alguma e o solo parecia doente, as árvores que rodeavam a montanha negra pareciam ter medo de tocar suas raízes por ali, foi o que imaginou Tonto. De certa forma aquilo serviu de vantagem em relação a tempo. Puderam caminhar mais rápido e sem paradas por muito tempo.