"Obstinada". Uma simples palavra, tem um efeito esmagador sobre mim. A importância que dou às palavras deve-se ao facto de eu ser uma amante de letras (uma das incorrigíveis, diga-se de passagem). Nunca fui muito de grandes leituras e invejo os devoradores de livros. Contudo, sou capaz de me deleitar sobre uma única frase. Não preciso de ler um livro para reconhecer o potencial de um escritor. Meras citações dos meus autores preferidos deixam-me perplexa e fazem-me sentir na pele a irredutível diferença que existe entre nós. Reconhecer isto é duro, bastante duro, mas eu tenho o mínimo de sensatez para não deixar a minha admiração cair na lábia da inveja. Faço questão de me relembrar a mim mesma que não estou nem um pouco aquém do meu potencial porque não cultivo hábitos de leitura e isso influência directamente o meu vocabulário e as minhas noções de como seguir uma sequência lógica. "Claro que ela me ultrapassou, ela lê imensos livros!" - murmura a pobre coitada, que não tem nenhum motivo para ficar para trás na competição. Negar que me desculpo constantemente seria uma grande mentir. É verdade e devo ser a primeira a admiti-lo. Possuo um medo de escrever que só existe na minha cabeça. Tenho receio de não conseguir atingir algo que nem mesmo eu sei o que é. Tudo isto, vem contradizer a minha primeira afirmação. Aquilo que falei sobre ser uma amante de letras. Enfim, deixe estar, os meus paradoxos são um dilema para mim mesma, o leitor escusa de perder o seu tempo com eles.
Entrei aqui a pedido de uma amiga, espero poder sair como uma escritora obstinada.
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