Eu desenvolvi um problema com a bebida. Tentei afogar nela todas as mágoas que me afogavam por dentro. A depressão, silenciosa e cruel, tem me levado aos poucos… mas ainda assim, tento ser forte. Tento ter paciência comigo, com o tempo, com a vida. Sei que há dias melhores me esperando, momentos bonitos que ainda não vivi.
Recentemente conheci alguém maravilhoso, alguém que me fez enxergar o amor de um jeito leve, calmo, diferente. Mas, ao mesmo tempo, esse amor me trouxe medo e frustração. Tentei amar. Tentei ser eu, do meu jeito imperfeito. Mas as mágoas antigas e o estresse me consumiram… e mais uma vez, busquei refúgio na bebida. Achei que ele entenderia. Achei que, por ser quem escolhi amar mesmo depois de tanto sofrer, ficaria ao meu lado. Mas não. Ele escolheu ir embora, preservar a própria paz e, sinceramente, eu o entendo. Fico feliz que tenha se afastado antes que eu o ferisse mais. Eu seria só mais um peso, mais um trauma, mais uma história mal resolvida no coração de alguém bom.
Eu sei que sou difícil. Tenho mudanças de humor, de sentimentos, de tudo. Carrego transtornos e feridas que às vezes me fazem duvidar se mereço ser amada. Mas ainda assim, eu tentei. Tentei amar de verdade.
Ele se foi, e deixou um rastro de dúvidas, de saudades. E aqui estou eu, mais uma vez sozinha, me reconstruindo, catando os cacos, organizando o caos que ficou. E, pela primeira vez, eu admito: dessa vez, não deu certo porque eu não soube amar alguém.
Isso passa. Tudo passa até o amor.
E, no fundo, eu já aceitei que talvez não tenha sido feita para vivê-lo, apenas para escrevê-lo. Amo descrever o amor em palavras, pintá-lo como algo bonito, calmo, quase divino. Mas quando ele me toca de verdade… tudo dói.
Amar, para mim, nunca foi leve. Foi tempestade, foi entrega, foi ferida aberta.
E mesmo assim, continuo escrevendo sobre o amor talvez porque, nas palavras, ele não me machuca.
Só ali, entre as linhas, o amor é bonito. Só ali, ele não me destrói.