O escritor, humano que é, vê a aflição; o que ele, humano, pode fazer? O que pode ser feito para extirpar a fonte deste sofrimento? Não só a do próximo, mas a sua própria? Onde está o analgésico, o antídoto, o alívio? O escritor se faz de alquimista e gera o próprio alívio com o unguento inquietante das palavras. O escritor, humano que é, vê o ciúme, a tristeza o desânimo, o descaso. Quer fazer algo, quer ser útil; o escritor quer ser herói com apenas uma caneta por espada e uma folha de papel por broquel. Será suficiente, meu Deus, eu pergunto. Que alívio trago eu com meu escrever? Acaso sou eu o mensageiro de paz? Acaso sou eu o curandeiro dos povos, portador do lenitivo sem contra-indicação? Me desinquieto. Tenho vontade de rasgar esta folha-recebe-tudo e quebrar esta caneta-papa-pensamentos... Sou apenas um louco; não me julguem. Um louco que, com uma caneta na destra, brada loucamente qualquer coisa infundada. Sou sozinho, eu sei, na minha lide tão dura, em escrever. E, poucos reconhecem que é tão difícil e tão nobre o meu ato de guerrear.
  • Aparecida de Goiânia
  • JoinedAugust 18, 2015


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