Heloisa_Campanaro

Texto novo!!
          	"America, but latina" já está disponível na coletânea de contos "Incalculáveis", confira!
          	Trecho: 
          	Os anos dourados
          	
          	Se lembrava dos tempos em que era nada menos que a única menina da família, imaculada, praticamente vista como uma pequena flor intocável. Elogios e saudações eram coisas que nunca lhe faltaram, mesmo sendo a mais nova, se via em uma situação em que era rodeada de servos, que por mais que tivessem consciência de sua imaturidade e falta de experiência com a complexidade da existência, entre as suas cambalhotas no sofá de veludo, se via em um grande castelo, brincando com as estruturas grandiosas e metalizadas.
          	
          	A infância é a era de ouro de nossas vidas, não? Principalmente quando não se vê outro alguém tão pequeno (ou na verdade grande) como nós. Quando na sua pequenez encontrava-se a sua grandeza, plasticamente fabricada pelos outros.
          	
          	Seu ego, maior que a sua forma corporal, crescia inflando, cada vez mais, dentro de sua mente demasiadamente lúdica.
          	
          	"Você é a mais legal de todas"
          	
          	"A mais linda da face da terra"
          	
          	"Não existe nenhuma princesa tão graciosa quanto você, meu amor"
          	
          	Cada tijolo construía a imagem mais distorcida da história, sua barriga repleta de estrias, sua pele se esticando e se deformando para manter o seu rei intestinal perfeitamente confortável......

Heloisa_Campanaro

Texto novo!!
          "America, but latina" já está disponível na coletânea de contos "Incalculáveis", confira!
          Trecho: 
          Os anos dourados
          
          Se lembrava dos tempos em que era nada menos que a única menina da família, imaculada, praticamente vista como uma pequena flor intocável. Elogios e saudações eram coisas que nunca lhe faltaram, mesmo sendo a mais nova, se via em uma situação em que era rodeada de servos, que por mais que tivessem consciência de sua imaturidade e falta de experiência com a complexidade da existência, entre as suas cambalhotas no sofá de veludo, se via em um grande castelo, brincando com as estruturas grandiosas e metalizadas.
          
          A infância é a era de ouro de nossas vidas, não? Principalmente quando não se vê outro alguém tão pequeno (ou na verdade grande) como nós. Quando na sua pequenez encontrava-se a sua grandeza, plasticamente fabricada pelos outros.
          
          Seu ego, maior que a sua forma corporal, crescia inflando, cada vez mais, dentro de sua mente demasiadamente lúdica.
          
          "Você é a mais legal de todas"
          
          "A mais linda da face da terra"
          
          "Não existe nenhuma princesa tão graciosa quanto você, meu amor"
          
          Cada tijolo construía a imagem mais distorcida da história, sua barriga repleta de estrias, sua pele se esticando e se deformando para manter o seu rei intestinal perfeitamente confortável......