Dissimular.

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Dissimular - significado do dicionário:

1. esconder os próprios sentimentos, intenções;

2.  tornar invisível ou pouco perceptível; ocultar, disfarçar;

3. agir com dissimulação, com reserva;

4. colocar(-se) de modo que não seja visto; ocultar(-se), esconder(-se).

XXXXX

Juliana podia jurar que tinha uma britadeira fazendo morada na sua cabeça e junto à ela duas vozes finas e irritantes tagarelavam sem cessar se aproximando cada vez mais ao ponto de parecer que sua mente explodiria. Tanto que a loira despertou no susto com as vozes viraram gargalhadas altas e sádicas – isso em sua mente de ressaca – porque na real eram apenas Malu e Bianca entrando em seu quarto rindo e trazendo o café da manhã/almoço.

- Vocês não têm medo da morte? – a loira segurou a cabeça enquanto encarava as duas com olhar fuzilante.

-Eu teria se você ao menos parecesse viva para fazer alguma coisa – Bianca riu com vontade acompanhada de uma Malu que tentava conter o riso ao ver a expressão de dor e irritabilidade da irmã.

- Shiii, parem de rir – ela resmungou abrindo apenas um olho para procurar um novo comprimido e tomar com a água que estava na bandeja que as meninas haviam colocado sobre a cama – Amo sua companhia anjo, mas não me importo de ser ignorada hoje, fico até feliz – a loira sorri sem mostrar os dentes e se joga na cama para tentar dormir de novo.

- Por isso estamos aqui, para obrigá-la a comer e interagir sobre a festa – a mais nova sorri piscando o olho pra irmã, que estava apenas lhe observando com um olho aberto. Até o ato de abrir os olhos e encarar tudo a sua volta lhe doía a cabeça, parecia a morte.

- Maria Luisa, eu to morta, tenho certeza disso, sinto até o gosto de terra caindo sobre mim, apenas acreditem nisso e saiam daqui – ela resmungou cobrindo a cabeça com o cobertor.

- Cruzes, às vezes esqueço o quanto sua irmã tem um humor ácido – a morena/ruiva pegou um salgadinho da bandeja e o abocanhou com vontade.

- Se acostume cunhadinha – Juliana resmungou com a voz abafada e Malu corou com vergonha.

- Cala a boca Juliana – Bianca sorriu para amiga e piscou o olho – Vamos irmã, coma algo e saímos daqui, te garanto que vai melhorar – ela puxou a coberta da mais velha que apenas sentou e a fuzilou – Não sei porque você bebe se sempre fica assim depois.

- Exato, depois, não no momento. Quando a bebida entra em meu corpo a realidade é anulada, o que é um perigo, mas ok, então eu vivo apenas aquela sensação de estar nas nuvens, no paraíso, e esqueço a merda toda que é essa ressaca dos infernos – ela dá de ombros e procura pela coxinha, nem os formatos dos salgados ela estava conseguindo distinguir, que ótimo, será que o álcool havia finalmente afetado seus neurônios? Era o que ela pensava quando Malu enfiou o que ela presumiu, ao sentir o gosto, ser uma coxinha em sua boca – Obrigada – ela sorriu com a boca cheia e deitou novamente.

- Não acabou, coma mais – Malu sentou a irmã novamente – Ainda falta esse suco de laranja azedo e forte para ver se reativa esses neurônios, se é que eles ainda moram aí dentro .

- Por que você está sendo tão pentelha hoje? – sua expressão se transformou em algo misturado a um bico sendo formado e uma carranca. Seria engraçado se ela não estivesse querendo matar um – Normalmente você deixa eu me recuperar em paz, e só me perturba a noite – ela suspira e come mais um salgado provando o suco em seguida com uma careta. Malu dá de ombros, ao que Bianca que estava distraída com o celular a responder.

Coração de pedraWhere stories live. Discover now