Description
Se são as estrelas prateadas o que ilumina os céus da noite, é a grama verde e as folhas verde-luminescente das árvores que iridescem a terra. Os narcisos amarelos reluzem como ouro, as frutas são como gemas dependuradas em gordos gomos de preciosidade. E assim era a floresta, que com seu ar fresco e som de cachoeiras de vidro, reluzia no país da eterna noite: pintando o noturno com a iridescência vermelha das rosas e das maçãs maduras, com a luz áspera e adocicada das framboesas, amoras e cerejas, e com o brilho opaco e sem viço dos pêssegos e os quentes abacaxis. Todas as estações ali chegavam de uma só vez, e as videiras pesavam com as contas ametista de uvas, enquanto que a castanheira, difusa e borrada, preparava-se para a chegada do inverno, chorosamente entregando suas folhas ao outono. Mas os ipês, as mais belas árvores da floresta, pareciam constantemente estar no inverno, elevando-se soberanas, de troncos grossos e galhos cheios de melodia aurora, riscando o céu de estrelas, reluzindo suas muitas cores.